segunda-feira, 15 de agosto de 2011

À deriva

Aconteceu numa terra distante...
A família ficara ao fundo de uma linha de comboio; os amigos antigos tinham partido e os novos ainda não tinham chegado; aquela que fora uma luz para o meu coração, extinguira-se...para sempre. E eu estava num silencio, feito de ausências e de cenários obsoletos.
Saí para o meio das pessoas.
Encontrei uma cidade cinzenta, cruzei-me com vultos assombrados, e no meu deambular, caminhando à deriva, achei-me numa paragem de autocarro...

Será que me perdera; que me enganara no meu caminho? Ou seria por este meio que o haveria de encontrar?
Dei comigo numa Paragem de Autocarro, a olhar para a placa, junto a algumas pessoas, cujos traços do rosto faziam lembrar as linhas dum outono cristalizado.
Uma placa cheia de números de linhas e de destinos, que também era uma tabela de probabilidades, tornara-se o centro da minha atenção. Conforme o autocarro em que entrasse, assim seria a minha vida futura. Cada autocarro: um Destino. Tomei consciência disto! Há uma decisão...de consequências irreversíveis, mesmo para um passeio de Domingo à tarde.
Não me recordo se tomei algum autocarro. Teria voltado para trás? Para trás? E se tomara, o que acontecera? E se seguira numa das outras linhas?
Gosto de recordar a simplicidade em que clarifiquei a consciência disto.